quinta-feira, 29 de março de 2012

Questões de vestibular comentadas


à Modificadores (P. 94 e 95)

Texto para a questão 3

           Já se sentiu vítima de algum tipo de marginalização e/ou discriminação dentro de sua universidade?
            Infelizmente, devo dizer que sim. Não se trata de discriminação ou marginalização pelo fato de ser brasileiro, porém. Trata-se de uma dificuldade (talvez natural) que tem um “novo imigrante” em penetrar na “elite” da sociedade local, que controla as posições de poder. Essa elite é constituída por pessoas que estudaram juntas na escola, que fizeram o serviço militar juntas, que pertencem ao mesmo partido político etc. e que se apóiam mutuamente. Tive a oportunidade de sentir esse tipo de hostilidade quando fui eleito diretor da Faculdade de Ciências Humanas. Cheguei mesmo a ouvir expressões como “a máfia latino-americana em nossa faculdade”, quando somos nada mais que dois professores titulares de procedência latino-americana. Mas, verdade seja dita, trata-se de uma hostilidade proveniente dos que estavam habituados ao poder e não se conformavam em perdê-lo. A maioria não só me elegeu, mas também me apoiou e continua apoiando as reformas que instituí em minha gestão.

DASCAL, Marcelo. Entrevista publicada no caderno Mais / Folha de S. Paulo, 18/05/2003.

3) (Uerj / 2004 – 1º Exame de Qualificação)

Infelizmente, devo dizer que sim.

O advérbio infelizmente, na resposta do entrevistado, exprime um ponto de vista ou julgamento a respeito dos fatos relatados. A alternativa cujo elemento sublinhado desempenha essa mesma função é:

(a) “ se sentiu vítima de algum tipo de marginalização (...)?”
(b) “que pertencem ao mesmo partido político etc. e que se apóiam mutuamente.”
(c) “Mas, verdade seja dita, trata-se de uma hostilidade”
(d) “e continua apoiando as reformas que instituí em minha gestão.”

Gabarito comentado: (C)
É comum que determinados elementos linguísticos no texto, independente da classe gramatical, exprimam alguma opinião ou sentimento. No texto ficou claro que a palavra “infelizmente” expressa o sentimento que o autor tem com relação à discriminação dos americanos com os imigrantes, principalmente os latino-americanos. Nas alternativas da questão, o único elemento linguístico que expressa alguma opinião ou sentimento é em “verdade seja dita”, que representa o ponto de vista do enunciador com relação à discriminação, que para ele representa a hostilidade dos que estavam acostumados ao poder e não se conformavam em perdê-lo. As outras alternativas trazem elementos com outras funções, mas que não expressam nenhuma opinião ou sentimento.

Texto para a questão 5

Astroteologia

            Aparentemente, foi o filósofo grego Epicuro que sugeriu, já em torno de 270 a.C., que existem inúmeros mundos espalhados pelo cosmo, alguns como o nosso e outros completamente diferentes, muitos deles com criaturas e plantas.
            Desde então, ideias sobre a pluralidade dos mundos têm ocupado uma fração significativa do debate entre ciência e religião. Em um exemplo dramático, o monge Giordano Bruno foi queimado vivo pela Inquisição Romana em 1600 por pregar, dentre outras coisas, que cada estrela é um Sol e que cada Sol tem seus planetas.
            Religiões mais conservadoras negam a possibilidade de vida extraterrestre, especialmente se for inteligente. No caso do cristianismo, Deus é o criador e a criação é descrita na Bíblia, e não vemos qualquer menção de outros mundos e gentes. Pelo contrário, os homens são as criaturas escolhidas e, portanto, privilegiadas. Todos os animais e plantas terrestres estão aqui para nos servir. Ser inteligente é uma dádiva que nos põe no topo da pirâmide da vida.
            O que ocorreria se travássemos contato com outra civilização inteligente? Deixando de lado as inúmeras dificuldades de um contato dessa natureza – da raridade da vida aos desafios tecnológicos de viagens interestelares – tudo depende do nível de inteligência dos membros dessa civilização.
            Se são eles que vêm até aqui, não há dúvida de que são muito mais desenvolvidos do que nós. Não necessariamente mais inteligentes, mas com mais tempo para desenvolver suas tecnologias. Afinal, estamos ainda na infância da era tecnológica: a primeira locomotiva a vapor foi inventada há menos de 200 anos (em 1814).
            Tal qual a reação dos nativos das Américas quando viram as armas de fogo dos europeus, o que são capazes de fazer nos pareceria mágica.
            Claro, ao abrirmos a possibilidade de que vida extraterrestre inteligente exista, a probabilidade de que sejam mais inteligentes do que nós é alta. De qualquer forma, mais inteligentes ou mais avançados tecnologicamente, nossa reação ao travar contato com tais seres seria um misto de adoração e terror.
            Se fossem muito mais avançados do que nós, a ponto de haverem desenvolvido tecnologias que os liberassem de seus corpos, esses seres teriam uma existência apenas espiritual. A essa altura, seria difícil distingui-los de deuses.
            Por mais de 40 anos, cientistas vasculham os céus com seus radiotelescópios tentando ouvir sinais de civilizações inteligentes. (...) Infelizmente, até agora nada foi encontrado. Muitos cientistas acham essa busca uma imensa perda de tempo e de dinheiro. As chances de que algo significativo venha a ser encontrado são extremamente remotas.
            Em quais frequências os ETs estariam enviando os seus sinais? E como decifrá-los? Por outro lado, os que defendem a busca afirmam que um resultado positivo mudaria profundamente a nossa civilização. A confirmação da existência de outra forma de vida inteligente no universo provocaria uma revolução.Alguns até afirmam que seria a maior notícia já anunciada de todos os tempos. Eu concordo.
            Não estaríamos mais sós. Se os ETs fossem mais avançados e pacíficos, poderiam nos ajudar a lidar com nossos problemas sociais, como a fome, o racismo e os confrontos religiosos. Talvez nos ajudassem a resolver desafios científicos. Nesse caso, quão diferentes seriam dos deuses que tantos acreditam existir? Não é à toa que inúmeras seitas modernas dirigem suas preces às estrelas e não aos altares.

Gleiser , Marcelo. Folha de São Paulo, 01/03/2009
5) (Uerj/2010 – Exame de Qualificação)

Claro, ao abrirmos a possibilidade que vida extraterrestre inteligente exista

No fragmento acima, o vocábulo “claro” projeta uma opinião do autor do texto sobre o que vai ser dito em seguida. Outro exemplo em que a palavra ou expressão sublinhada cumpre função semelhante é:

(A) Desde então, ideias sobre a pluralidade dos mundos têm ocupado
(B) Por mais de 40 anos, cientistas vasculham os céus.
(C) Infelizmente, até agora nada foi encontrado.
(D) Nesse caso, quão diferentes seriam dos deuses

Gabarito comentado: (C)
Modalizadores são palavras ou expressões que projetam um ponto de vista do enunciador acerca do que está sendo enunciado, revelando diferentes intenções comunicativas. Com o uso de "infelizmente", por exemplo, fica clara a expectativa do autor de que fosse encontrado sinal de vida extraterrena, assim como a frustração dessa expectativa, já que afirma em seguida que “até agora nada foi encontrado”. Nas outras alternativas, os elementos linguísticos não trazem um ponto de vista em relação ao que vai ser dito em seguida, como o vocábulo “claro”, que demonstra a opinião do autor sobre o fato de, em caso de existência de seres extraterrestres, eles serem mais inteligentes que nós, e do vocábulo “infelizmente”.

à Tipos textuais (P. 13 e 14)
Texto para a questão 2

Herói na contemporaneidade
            Quando eu era criança, passava todo o tempo desenhando super-heróis.
            Recorro ao historiador de mitologia Joseph Campbell, que diferenciava as duas figuras públicas: o herói (figura pública antiga) e a celebridade (a figura pública moderna). Enquanto a celebridade se populariza por viver para si mesma, o herói assim se tornava por viver servindo sua comunidade. Todo super-herói deve atravessar alguma via crucis. Gandhi, líder pacifista indiano, disse que, quanto maior nosso sacrifício, maior será nossa conquista. Como Hércules, como Batman.
            Toda história em quadrinhos traz em si alguma coisa de industrial e marginal, ao mesmo tempo e sob o mesmo aspecto. Os filmes de super-herói, ainda que transpondo essa cultura para a grande e famigerada indústria, realizam uma outra façanha, que provavelmente sem eles não ocorreria: a formação de novas mitologias reafirmando os mesmos ideais heróicos da Antigüidade para o homem moderno. O cineasta italiano Fellini afirmou uma vez que Stan Lee, o criador da editora Marvel e de diversos heróis populares, era o Homero dos quadrinhos.
            Toda boa história de super-herói é uma história de exclusão social. Homem-Aranha é um nerd, Hulk é um monstro amaldiçoado, Demolidor é um deficiente, os X-Men são indivíduos excepcionais, Batman é um órfão, Super-Homem é um alienígena expatriado. São todos símbolos da solidão, da sobrevivência e da abnegação humana.
            Não se ama um herói pelos seus poderes, mas pela sua dor. Nossos olhos podem até se voltar a eles por suas habilidades fantásticas, mas é na humanidade que eles crescem dentro do gosto popular. Os super-heróis que não sofrem ou simplesmente trabalham para o sistema vigente tendem a se tornar meio bobos, como o Tocha-Humana ou o Capitão América.
            Hulk e Homem-Aranha são seres que criticam a inconseqüência da ciência, com sua energia atômica e suas experiências genéticas. Os X-Men nos advertem para a educação inclusiva. Super-Homem é aquele que mais se aproxima de Jesus Cristo, e por isso talvez seja o mais popular de todos, em seu sacrifício solitário em defesa dos seres humanos, mas também tem algo de Aquiles, com seu calcanhar que é a kriptonita. Humano e super-herói, como Gandhi.
            Não houve nenhuma literatura que tenha me marcado mais do que essas histórias em quadrinhos. Eu raramente as leio hoje em dia, mas quando assisto a bons filmes de super-heróis eu lembro que todos temos um lado ingênuo e bom, que pode ser capaz de suportar a dor da solidão por um princípio.
Fernando Chuí. Adaptado de: http://fernandochui.blogspot.com

2) (Uerj/2009 – Exame de Qualificação)

O texto combina subjetividade e argumentação. Essa combinação é confirmada pela presença de:

(A) relato pessoal e defesa de ponto de vista
(B) referência clássica e citação do passado
(C) ênfase na atualidade e reflexão sobre o tema
(D) afirmação generalizante e comparação de idéias

Gabarito comentado: (A)

A subjetividade do texto se percebe pelo relato pessoal da experiência de leitura do autor, que desde a infância gostava dos super-heróis dos quadrinhos. Seu depoimento reforça a defesa do ponto de vista de que os super-heróis são reflexos do sofrimento da humanidade, como a dor, a exclusão, a sobrevivência e etc.

Texto para a questão 3

Transtorno do comer compulsivo

            O transtorno do comer compulsivo vem sendo reconhecido, nos últimos anos, como uma síndrome caracterizada por episódios de ingestão exagerada e compulsiva de alimentos, porém, diferentemente da bulimia nervosa, essas pessoas não tentam evitar ganho de peso com os métodos compensatórios. Os episódios vêm acompanhados de uma sensação de falta de controle sobre o ato de comer, sentimentos de culpa e de vergonha.
            Muitas pessoas com essa síndrome são obesas, apresentando uma história de variação de peso, pois a comida é usada para lidar com problemas psicológicos. O transtorno do comer compulsivo é encontrado em cerca de 2% da população em geral, mais frequentemente acometendo mulheres entre 20 e 30 anos de idade. Pesquisas demonstram que 30% das pessoas que procuram tratamento para obesidade ou para perda de peso são portadoras de transtorno do comer compulsivo.
Disponível em: http://www.abcdasaude.com.br. Acesso em: 1 maio 2009 (adaptado).

3) (Enem / 2010) Considerando as ideias desenvolvidas pelo autor, conclui-se que o texto tem a finalidade de

(A) descrever e fornecer orientações sobre a síndrome da compulsão alimentícia.
(B) narrar a vida das pessoas que têm o transtorno do comer compulsivo.
(C) aconselhar as pessoas obesas a perder peso com métodos simples.
(D) expor de forma geral o transtorno compulsivo por alimentação.
(E) encaminhar as pessoas para a mudança de hábitos alimentícios.

Gabarito comentado: (D)

Podemos perceber neste texto que o objetivo maior é a transmissão de informações sobre o transtorno de comer compulsivo, não sendo colocada a opinião ou ponto de vista do enunciador. O que temos é uma exposição sobre a doença, por exemplo, como se manifesta e o perfil de pessoas que a têm.

à Textos Argumentativos (P. 25)

Texto para a questão 5

A carreira do crime
            Estudo feito por pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz sobre adolescentes recrutados pelo tráfico de drogas nas favelas cariocas expõe as bases sociais dessas quadrilhas, contribuindo para explicar as dificuldades que o Estado enfrenta no combate ao crime organizado.
            O tráfico oferece aos jovens de escolaridade precária (nenhum dos entrevistados havia completado o ensino fundamental) um plano de carreira bem estruturado, com salários que variam de R$ 400,00 a R$ 12.000 mensais. Para uma base de comparação, convém notar que, segundo dados do IBGE de 2001, 59% da população brasileira com mais de dez anos que declara ter uma atividade remunerada ganha no máximo o ‘piso salarial’ oferecido pelo crime. Dos traficantes ouvidos pela pesquisa, 25% recebiam mais de R$ 2.000 mensais; já na população brasileira essa taxa não ultrapassa 6%.
            Tais rendimentos mostram que as políticas sociais compensatórias, como o Bolsa-Escola (que paga R$ 15 mensais por aluno matriculado), são por si só incapazes de impedir que o narcotráfico continue aliciando crianças provenientes de estratos de baixa renda: tais políticas aliviam um pouco o orçamento familiar e incentivam os pais a manterem os filhos estudando, o que de modo algum impossibilita a opção pela deliquência. No mesmo sentido, os programas voltados aos jovens vulneráveis ao crime organizado (circo-escolas, oficinas de cultura, escolinhas de futebol) são importantes, mas não resolvem o problema.
            A única maneira de reduzir a atração exercida pelo tráfico é a repressão, que aumenta os riscos para os que escolhem esse caminho. Os rendimentos pagos aos adolescentes provam isso: eles são elevados precisamente porque a possibilidade de ser preso não é desprezível. É preciso que o Executivo federal e os estaduais desmontem as organizações paralelas erguidas pelas quadrilhas, para que a certeza de punição elimine o fascínio dos salários do crime.
Editorial. Folha de São Paulo. 15 jan. 2003.

5) (Enem / 2010) Com base nos argumentos do autor, o texto aponta para

(A) uma denúncia de quadrilhas que se organizam em torno do narcotráfico.
(B) a constatação que o narcotráfico restringe-se aos centros urbanos.
(C) a informação de que as políticas sociais compensatórias eliminarão a atividade criminosa a longo prazo.
(D) o convencimento do leitor de que para haver a superação do problema do narcotráfico é preciso aumentar a ação policial.
(E) uma exposição numérica realizada com o fim de mostrar que o negócio do narcotráfico é vantajoso e sem riscos.

Gabarito comentado: (D)

O texto da Folha de São Paulo aponta para os altos salários no mundo do tráfico, de modo que as políticas sociais compensatórias não são satisfatórias e não adiantam, o que eliminaria a alternativa (C). O ponto de vista do autor, porém, é explicitado no quarto parágrafo, quando afirma que “a única maneira de reduzir a atração exercida pelo tráfico é a repressão, que aumenta os riscos para os que escolhem esse caminho”. O autor utiliza os argumentos anteriores para nos convencer de que é preciso aumentar a ação policial e não os programas sociais.

6) (Enem/2011) A discussão sobre “o fim do livro de papel” com a chegada da mídia eletrônica me lembra a discussão idêntica sobre a obsolescência do folheto de cordel. Os folhetos talvez não existam mais daqui a 100 ou 200 anos, mas, mesmo que isso aconteça, os poemas de Leandro Gomes de Barros ou Manuel Camilo dos Santos continuarão sendo publicados e lidos — em CD-ROM, em livro eletrônico, em “chips quânticos“, sei lá o quê. O texto é uma espécie de alma imortal, capaz de reencarnar em corpos variados: página impressa, livro em Braille, folheto, “coffee-table book“, cópia manuscrita, arquivo PDF... Qualquer texto pode se reencarnar nesses (e em outros) formatos, não importa se é Moby Dick ou Viagem a São Saruê, se é Macbeth ou O livro de piadas de Casseta & Planeta.

TAVARES, B. Disponível em: http://jornaldaparaiba.globo.com.

Ao refletir sobre a possível extinção do livro impresso e o surgimento de outros suportes em via eletrônica, o cronista manifesta seu ponto de vista, defendendo que

(A) o cordel é um dos gêneros textuais, por exemplo, que será extinto com o avanço da tecnologia.
(B) o livro impresso permanecerá como objeto cultural veiculador de impressões e de valores culturais.
(C) o surgimento da mídia eletrônica decretou o fim do prazer de se ler textos em livros e suportes impressos.
(D) os textos continuarão vivos e passíveis de reprodução em novas tecnologias, mesmo que os livros desapareçam.
(E) os livros impressos desaparecerão e, com eles, a possibilidade de se ler obras literárias dos mais diversos gêneros.

Gabarito comentado: (D)

O texto aponta para o fato de o texto ser imortal, independente de seu suporte. A discussão gira em torno não do surgimento e desaparecimento dos gêneros, mas da capacidade dos textos de permanecerem vivos, independente do suporte. A única alternativa que aponta para esse sentido é a (D).

7) (Enem/2011) O tema da velhice foi objeto de estudo de brilhantes filósofos ao longo dos tempos. Um dos melhores livros sobre o assunto foi escrito pelo pensador e orador romano Cícero: A Arte do Envelhecimento. Cícero nota, primeiramente, que todas as idades têm seus encantos e suas dificuldades. E depois aponta para um paradoxo da humanidade. Todos sonhamos ter uma vida longa, o que significa viver muitos anos. Quando realizamos a meta, em vez de celebrar o feito, nos atiramos a um estado de melancolia e amargura. Ler as palavras de Cícero sobre envelhecimento pode ajudar a aceitar melhor a passagem do tempo.
NOGUEIRA, P. Saúde & Bem-Estar Antienvelhecimento. Época. 28 abr. 2008.

O autor discute problemas relacionados ao envelhecimento, apresentando argumentos que levam a inferir que seu objetivo é

(A) esclarecer que a velhice é inevitável.
(B) contar fatos sobre a arte de envelhecer.
(C) defender a ideia de que a velhice é desagradável.
(D) influenciar o leitor para que lute contra o envelhecimento.
(E) mostrar às pessoas que é possível aceitar, sem angústia, o envelhecimento.

Gabarito comentado: (E)

O pequeno texto discorre sobre a visão de Cícero sobre o envelhecimento, de modo que é a visão também do autor do texto. Ao mostrar o paradoxo apresentado por Cícero, de que queremos viver muitos anos e, quando chegamos lá, ficamos lamentando a velhice, o autor nos leva à reflexão sobre a aceitação do envelhecimento. A única alternativa que aponta para este sentido é a (E).






Exercícios sobre textos argumentativos

Texto 1

(FUVEST-SP) Leia o texto a seguir e responda às questões 1, 2 e 3:


GOLS DE COCURUTO

         O melhor momento do futebol para um tático é o minuto de silêncio. É quando os times ficam perfilados, cada jogador com as mãos nas costas e mais ou menos no lugar que lhes foi designado no esquema - e parados. Então o tático pode olhar o campo como se fosse um quadro negro e pensar no futebol como alguma coisa lógica e diagramável. Mas aí começa o jogo e tudo desanda. Os jogadores se movimentam e o futebol passa a ser regido pelo imponderável, esse inimigo mortal de qualquer estrategista. O futebol brasileiro já teve grandes estrategistas cruelmente traídos pela dinâmica do jogo. O Tim, por exemplo. Tático exemplar, planejava todo o jogo numa mesa de botão. Da entrada em campo até a troca de camisetas, incluindo o minuto de silêncio. Foi um técnico de sucesso mas nunca conseguiu uma reputação no campo à altura de sua reputação no vestiário. Falava um jogo e o time jogava outro. O problema do Tim, diziam todos, era que seus botões eram mais inteligentes do que seus jogadores.

(L. F. Veríssimo, O Estado de São Paulo, 23/08/93).

1. A tese que o autor defende é a de que, em futebol:

a) o planejamento tático está sujeito à interferência do acaso.
b) a lógica rege as jogadas.
c) a inteligência dos jogadores é que decide o jogo.
d) os momentos iniciais decidem como será o jogo.
e) a dinâmica do jogo depende do planejamento que o técnico faz.

2. No texto, a comparação do campo com um quadro negro representa:

a) o pessimismo do tático em relação ao futuro do jogo.
b) um recurso utilizado no vestiário.
c) a visão de jogo como movimento contínuo.
d) o recurso didático preferido pelo técnico Tim.
e) um meio de pensar o jogo como algo previsível.

3. As expressões que retomam, no texto, o segmento "o melhor momento do futebol" são

a) os times ficam perfilados - aí.
b) é quando - então.
c) aí - os jogadores se movimentam.
d) o tático pode olhar o campo - aí.
e) é quando - começa o jogo.

Texto 2


 1) A partir da leitura dos textos verbal e não-verbal, responda: que tese está sendo defendida pelo anúncio publicitário? Explique.

2) Que elementos – verbais e não-verbais – estão sendo utilizados para convencer os leitores daquela tese?

3) Que recurso linguístico é utilizado para provocar uma reflexão sobre os moradores de rua?

4) Por trás de todo texto argumentativo, existe uma polêmica, uma controvérsia. Ao se inserir nessa polêmica, o texto adota um ponto de vista (que será sua tese) e rejeita outro (que será a contratese).
Pensando nisso, responda: qual é o ponto de vista que o enunciador desse texto rejeita? Em outras palavras, qual é a contratese do texto?




segunda-feira, 19 de março de 2012

Tipos Textuais

A ARMA
Luís Fernando Veríssimo

Nessa discussão sobre baixarias na TV e a má qualidade generalizada do que vai ao ar, ninguém se lembra que toda casa brasileira — pelo menos toda casa brasileira com TV — tem uma arma eficaz de autodefesa. É uma arma poderosa. Com ela se cala a boca do político embromador e do apresentador gritão, se elimina o programa que choca ou desagrada e o troca por outro, se chega até, em casos extremos, a cortar a força do aparelho ofensivo e silenciá-lo, para sempre ou por algum tempo, para aprender. E tudo isto sem sair da poltrona.
O nome da arma é Controle Remoto. É movida a pilhas e cabe na palma da mão. Não é uma invenção muito antiga. (Sim, crianças, houve um tempo em que para ligar e desligar a TV ou mudar de canal você precisava sair do sofá e ir até lá. Inconcebível, eu sei.).
Mas minha neta começou a usar o controle remoto antes de começar a andar, e pelo menos duas gerações se criaram usando-o sem se dar conta da mágica que tinham nas mãos. O poder de mover as coisas à distância e comandar o mundo sem precisar sair do lugar é uma ambição humana desde as primeiras bruxas, mas as gerações que se criaram com ele usam o CR com a inconsciência de um cachorro brincando com uma bola de césio.
Se não se dão conta do seu poder mágico, muito menos se dão conta de que o CR é uma arma. Porque o CR também representa essa outra coisa potente que temos para nos defender das agressões da TV: o livre arbítrio. A capacidade de decidir por nós mesmos. De procurar uma alternativa, outro canal, ou o silêncio. Em vez de dizer "isto deveria ser proibido" e incentivar, indiretamente, a censura, e negar o direito dos outros de gostarem de porcaria, deveríamos exercer, soberanamente, a liberdade de escolha do nosso dedão.

O Globo, 02.02.2012

1. Classifique os trechos extraídos da crônica de Luís Fernando Veríssimo, de acordo com a categorização dos tipos textuais.

a)    “É movida a pilhas a pilhas e cabe na palma da mão. Não é uma invenção muito antiga.”

b)   “...minha neta começou a usar o controle remoto antes de começar a andar.”

c)    “Porque o CR também representa essa outra coisa potente que temos para nos defender das agressões da TV: o livre arbítrio.”

d)   “Em vez de dizer ‘isto deveria ser proibido’ e incentivar, indiretamente, a censura, e negar o direito dos outros de gostarem de porcaria, deveríamos exercer, soberanamente, a liberdade de escolha do nosso dedão.”

e)    “...deveríamos exercer, soberanamente, a liberdade de escolha do nosso dedão.”

2. Pode-se dizer que, ainda que o texto contenha trechos de diversos tipos textuais, predomina nele um determinado de organização textual. Qual seria ele? Por quê?

3. No primeiro parágrafo, predominam modificadores de uma certa classe gramatical (“político embromador”, “apresentador gritão”, “aparelho ofensivo).

a) Qual seria ela? Justifique.

b) Além de pertencerem à mesma classe gramatical, estes modificadores servem a um mesmo propósito para a defesa da ideia do autor. Qual seria este propósito?

4. Explique por que o controle remoto é comparado a “uma arma poderosa”, retirando do texto passagens que ratifiquem esta comparação.

quarta-feira, 14 de março de 2012

OS MODIFICADORES: ADJETIVOS E ADVÉRBIOS
1. Adjetivos
    O adjetivo é a classe gramatical responsável por conferir uma característica, modificação ou restrição a um substantivo; observe:
Eu tenho uma bolsa.
Eu tenho uma bolsa bonita.
Eu tenho uma bolsa de cor amarela.
    Note que, na primeira sentença, não há nada dito sobre como a bolsa é, o ouvinte (leitor) entende que o falante tem uma bolsa, mas não tem nenhuma informação que permita visualizá-la, ou seja, caracterizá-la. Na segunda sentença, o adjetivo bonita confere um dado sobre o substantivo bolsa. Já na terceira sentença, também aparece um elemento de caracterização, que diz como a bolsa é, porém não é um adjetivo, mas uma locução adjetiva.
--> A função de caracterizar é a mesma, o que muda é a forma: bonita é um adjetivo, de cor amarela é uma locução adjetiva.
    Há uma equivalência entre os adjetivos e as locuções adjetivas. Veja:
Dor de estômago = Dor gástrica
Período da tarde = Período vespertino
Conselho de pai = Conselho paterno

    Note ainda que, se é dito “bolsa amarela”, o ouvinte tem em mente um modelo específico de bolsa, porém, se é dito “bolsa bonita”, este julgamento subjetivo impede que o ouvinte imagine a bolsa, ou pelo menos faz com que ele imagine sem fidelidade à bolsa real.
    Assim, entendemos a diferença entre adjetivo objetivo e adjetivo subjetivo. No caso do adjetivo objetivo, não há juízo de valor: ele expressa uma característica objetiva, claramente expressa e que será dita por qualquer pessoa que veja a bolsa. Por outro lado, o adjetivo subjetivo é uma opinião do falante a respeito da bolsa - o que é bonito para um, pode ser feio para outro.
Exemplos de adjetivos objetivos:
Borboleta amarela, mulher burguesa,
Exemplos de adjetivos subjetivos:
Menina feia, sabor agradável, matéria confusa.

2. Advérbios
O advérbio é a classe gramatical responsável por conferir uma CIRCUNSTÂNCIA. Principalmente a um verbo, podendo se referir também a um adjetivo, um outro advérbio ou a toda a sentença. Está na sentença para conferir uma circunstância; observe:
Ana trabalha demais. (advérbio demais conferindo circunstância ao verbo trabalha)
O trabalho da Ana é chato demais. (advérbio demais conferindo circunstância ao adjetivo chato)
Ana trabalha absolutamente demais. (advérbio demais conferindo circunstância ao advérbio absolutamente)
Além de os advérbios se referirem a um termo específico na frase (verbo, adjetivo ou advérbio), ele pode também se referir a toda a frase. Neste caso, ele é usado para expressar uma opinião de quem fala a respeito do que é dito. Veja
Vencemos o jogo, obviamente.
Inesperadamente, perdemos a partida ontem.
Note que no segundo exemplo, o advérbio inesperadamente modifica toda a sentença, inclusive o advérbio ontem, presente na frase.

3. A categoria dos modificadores
Adjetivos e advérbios também são chamados de MODIFICADORES, pois os adjetivos qualificando e os advérbios conferindo uma circunstância modificam o sentido original das palavras a que se referem.
A diferença entre estas duas classes se dará, portanto, em relação ao termo modificado. O adjetivo SEMPRE se refere a um substantivo, enquanto o advérbio, pode se referir a um verbo, a um adjetivo, a um outro advérbio ou até mesmo à sentença inteira, como visto anteriormente.

EXERCÍCIOS
1. Em que casos a palavra destacada não tem valor de adjetivo? Explique
a) Um branco, velho, pedia esmolas.
b) Um velho, branco, pedia esmolas.
c) Era um dia cinzento.
d) O sabão usado desbotou o verde da camisa.
e) Os viajantes dormiam tranquilos.
2. Quais as opções contêm locução adjetiva? Explique
a) Esta é a torneira de água fria.
c) Este quadro é muito feio.
d) A bicicleta dela é anglo-saxônica.
3. Explique a diferença entre os termos destacados:a) Ela anda cansado.
b) Ela anda cansada.
4. Só não há advérbio em:a) Não o quero. 
b) Ali está o material. 
c) Tudo está correto. 
d) Talvez ele fale. 
e) Já cheguei.
5. Identifique a que termos os advérbios abaixo se referem e qual a circunstância que conferem:a) Mal cheguei estou saindo. 
b) Ela era bem bonita. 
c) Ela anda muito naturalmente. 
d) Ela anda muito, naturalmente. 
e)Ela não viria, óbvio, eu disse.

Texto I 
Era Uma Brincadeira

Tudo era apenas uma brincadeira
e foi crescendo, crescendo me absorvendo
e de repente eu me vi assim completamente seu
vi a minha força amarrada no teu passo
vi que sem você não tem caminho eu não me acho
Vi um grande amor gritar dentro de mim como eu sonhei um dia

Quando o meu mundo era mais mundo e todo mundo admitia
Uma mudança muito estranha, mais pureza, mais carinho, mais calma, mais alegria
No meu jeito de me dar

Quando a canção se fez mais forte, mais sentida
Quando a poesia realmente fez folia em minha vida
Você veio me contar dessa paixão inesperada por outra pessoa

Mas não tem revolta não
Eu só quero que você se encontre
Ter saudade até que é bom
é melhor que caminhar vazio
A esperança é um dom que eu tenho em mim (eu tenho sim)

Não tem desespero, não
Você me ensinou milhões de coisas
Tem um sonho em minhas mãos
Amanhã será um novo dia
Certamente eu vou ser mais feliz

1. A canção acima é organizada em dois momentos: antes e depois de a amante falar da paixão inesperada por outra pessoa. Analise os dois momentos e discuta como o eu-lírico encara a desilusão amorosa.

2. Indique qual o sentido da repetição da palavra “crescendo” no segundo verso.

3. Em “Você veio me contar dessa paixão inesperada por outra pessoa”, o termo em destaque cumpre função de adjetivo. Indique qual o substantivo que ele modifica.

4. No verso, “Uma mudança muito estranha”, há dois modificadores, identifique suas classes e que palavras eles modificam.

5. “Certamente eu vou ser mais feliz”.
No verso acima, substitua o termo em destaque por outro equivalente, em seguida indique qual o termo que ele modifica.

6. Na canção Fugidinha de Michel Teló, há o seguinte verso “Logo agora que eu fiquei legal”. Observe que “legal” na oração modifica um verbo. Substitua o termo “legal” por outro equivalente e em seguida construa uma frase em que “legal” funcione como adjetivo.

7. Na canção Ai se eu te pego de Michel Teló, há no verso “E passou a menina mais linda” dois modificadores. Identifique-os, diga a qual classe de palavras pertencem e indique quais termos modificam.