1. LETRA C
“Orçamentário” é o adjetivo derivado de orçamento, que é um projeção
de custos e investimentos. Quando fazemos uma obra, por exemplo, calculamos o
seu orçamento, ou seja, quanto se estima gastar nessa obra.
Já com essa ideia de que “orçamento” tem a ver com dinheiro,
gastos, é coerente pensarmos na letra “c” – aspecto econômico. Isso, portanto, já seria suficiente para que
acertássemos a questão.
Contudo, podemos ir além, desenvolvendo mais o raciocínio. A imagem
que se observa da “obra de arte” é a de um rasgo, ou um rombo em destaque (na
verdade, é a única coisa que se vê na tal obra). O adjetivo “realista” deixa
claro que se trata de algo que, de fato, se vive, algo de acordo com a
realidade. Ou seja, a “obra de arte” – a peça – mostra que o orçamento, que é
real, que está de acordo com a realidade que vivemos, teve um rombo. Em outras
palavras, que, devido a gastos econômicos, que a economia do país está
desfalcada. Há, portanto, uma crítica à condução da economia do país.
2. LETRA A
Acontece nesta questão algo muito recorrente nas questões da
UERJ: as quatro alternativas estão coerentes
com o texto, contudo apenas uma atende ao que o enunciado pede. Vale a pena
ressaltar que o “distanciamento” do qual a questão fala é na verdade uma discordância,
no caso, não concordância com as concepções da arte moderna.
Em relação à letra b:
a frase declarativa ocorre quando o emissor da mensagem constata um fato: pintam um quadro com um rombo no meio e
acham uma obra-prima...Pensando bem, o simples fato de se declarar alguma
coisa não quer dizer necessariamente que estamos nos distanciando (criticando o
tema, não o corroborando) dela. Apesar de essa segunda fala marcar, sim, um
distanciamento, ele não é conseqüência de a frase ser declarativa. (Vamos pensar,
se a frase fosse exclamativa, ela ainda sim marcaria um distanciamento)
Em relação à letra d:
a simples descrição de um objeto também não revela qualquer distanciamento. Se,
contudo, essa descrição fosse uma descrição subjetiva, aquela que depende do sujeito que a está fazendo, aí
sim, seria uma descrição que mostrasse o tal distanciamento em relação à arte
moderna.
O gabarito é a letra a:
quando o personagem usa o verbo achar
na 3ª pessoa (“acham uma obra-prima”), ele atribui aquela opinião – a de o quadro
ser uma obra-prima – aos outros, e não a ele mesmo. Pensem nesse mesmo verbo
usado na 1ª pessoa: acho uma
obra-prima. Nesse caso, aí sim, o personagem estaria se comprometendo, estaria
dando a sua opinião de que ele também acha que aquilo se trata de uma
obra-prima.
3. LETRA D
Uerj, mais uma vez, ajudando o pessoal que não teve tempo de
estudar, dando o conceito de metalinguagem no próprio enunciado da questão: o
narrador “comenta na sua ficção o próprio ato de compor uma ficção”. Ou seja,
pra resolver a questão era só achar uma alternativa que falasse da própria obra
que estava ali sendo escrita. A única alternativa quetrata do ato de compor uma
ficção, usando – para isso – termos próprios desse ato é a letra d: “Já por duas vezes, tentei escrever;
mas, relendo a página, achei-a incolor, comum.”
4. LETRA C
A resposta dessa questão está precisamente nas linhas 2 e 3:
“são (...) de uma lastimável limitação de ideias, cheios
de fórmulas, de receitas, só capazes de colher
fatos detalhados e impotentes para generalizar.”
Ideias limitadas, excesso de fórmulas e incapacidade de generalizar são
expressões que revelam uma característica dos literatos: eles não inovam; pelo
contrário, só conseguem repetir as mesmas ideias e fórmulas já batidas. Essa
ideia está expressa na letra C: “repetir regras consagradas”.
5. LETRA D
A princípio, poderíamos pensar na letra a como gabarito, pois ao usar o verbo “confessar”, na primeira
pessoa, o narrador assume ter feito algo que, aparentemente, ele mesmo critica
(ler e estudar outros autores). Mas essa uma é daquelas questões que a Uerj gosta
de fazer, em que somos tentados a ler e interpretar os trechos destacados fora
do contexto. “Ora, se o trecho já foi destacado, então nem preciso voltar no
texto... a resposta está aqui mesmo”. Contudo, continuando a leitura do
fragmento, vemos que o narrador , depois de dar a impressão de que também erra
ao ler e estudar modelos e normas, diz que “não é a ambição literária” que o
move, ao contrário daquelas a quem ele chama “literatos”. Ou seja, o narrado parece fazer um julgamento autocrítico,
mas logo depois de justifica. Na prática, ele está usando a estratégia de
contra-argumentação do tipo concessão,
que você já conhece.
Na letra D, Isaías
Caminha (o narrador) fala da impossibilidade de um escritor qualquer, mesmo
sendo hábil, de dizer o que ele (Isaías) sentira. Depois, fala de si mesmo:
afirma que ele próprio, o indivíduo que
sofrera e pensara sobre aqueles sentimentos, também não saberia dizê-los, ou
seja, não saberia escrever sobre eles. Nesse momento, ele se assume, sem
ressalvas, que também tem lá suas limitações. Gabarito letra D, portanto.
6. LETRA A
Visto em nossas aulas: métodos argumentativos. O tipo de
raciocínio que parte de um caso particular (“fatos detalhados”) e tira dali uma
regra geral (“impotentes para generalizar”) é o indutivo (página 20, módulo 1). Letra A, portanto.
7. LETRA D
Adição = adicionar, acrescentar ideias. A alternativa que
trouxesse qualquer palavra com esse sentido de acréscimo seria o gabarito.
À exceção da letra D, nenhuma
alternativa traz uma palavra com essa semântica.
Na letra d, a palavra com esse valor
semântico de adição, acréscimo é “também”. Gabarito letra d, portanto.
OBS: O conector aditivo “mas também” muitas vezes forma um
par com a expressão “não só” (facilmente inferível da primeira oração: que ela não só tenha a sorte que merecer, mas que possa também, amanhã ou
daqui a séculos, despertar um escritor mais hábil.) Dessa forma, o “também”
está somando o fato de ter a sorte que merecer ao fato de despertar um escritor mais hábil.
8. LETRA B
O narrador vem o tempo inteiro falando da incapacidade e
inabilidade de seus companheiros de escritório. No período anterior ao
destacado na questão, ele deixa mais clara ainda sua opinião sobre os
companheiros: “dignos de indiferença”. Contudo, apesar dessa indiferença, o
narrador sente dores, se angustia. E
seus companheiros, orgulhosos do que conseguiram escrever, seriam capazes
apenas de tecer críticas destrutivas em relação ao livro que Isaías estava
escrevendo, gerando espanto e atitudes sarcásticas por parte deles. Todos esses
sentimentos: dor, angústia, espanto e sarcasmo (os dois últimos por parte de terceiros),
revelam que o narrador se sente magoado
com toda essa situação. Gabarito letra b.
9. LETRA A
A opinião de Marcelo Gleiser é que não é absolutamente
necessário que um filme tente ao máximo ser fiel à ciência que retrata. O autor
do texto muda sua opinião (“muda” porque ele nem sempre pensou assim, como
podemos perceber pelo 3º parágrafo: Até
recentemente, defendia a posição mais rígida, que filmes devem tentar ao máximo
ser fiéis à ciência que retratam) porque admite que existe uma diferença
crucial entre um filme comercial e um documentário científico. Para chegar a
esse raciocínio, vocês podem se fazer a seguinte pergunta: o narrador muda de
opinião porque...
1 - “documentários devem retratar fielmente a ciência,
educando e divertindo a população” ? Não parece coerente;
2 –“ filmes históricos ou mesmo aqueles fiéis à ciência têm
enorme valor cultural” ? Na verdade, esse argumento fundamentaria a opinião
anterior, e não a nova;
3 – “as pessoas vão ao cinema esperando uma ciência crível” ?
Esse argumento também fundamentaria a opinião anterior do narrador, e não a
nova.
Gabarito letra A,
portanto.
10. LETRA C
Nesta questão, todos os pares de vocábulos são opostos entre
si, porém apenas um deles corresponde à tal oposição estudada no campo da
literatura: a ciência corresponderia à “verdade”, ao que se pode observar na
realidade; Hollywood corresponderia à verossimilhança, ao que é provável,
plausível de acontecer – no caso – num filme de Hollywood.
A ciência é aquela que pode atestar que o que acontece é verdade,
ou então explicar o que acontece na realidade: uma explosão sem som, por exemplo.
Já Hollywood, descompromissado com a ciência, ou seja, com uma realidade
observável, pode, sim, mostrar uma explosão no vácuo com som pois isso é
verossímil naquele universo ficcional
que ela propõe.
11. LETRA B
Mais uma vez a concessão aparece como estratégia de contra-argumentação. E mais
uma vez a UERJ ajudando quem esqueceu o que é a concessão, contra-argumentação
ou até mesmo argumentação e suas estratégias. Nós vimos, nas nossas aulas, que
o elemento introdutor de uma concessão, ou aquele que vai marcar a tal negação
da contra-tese, são palavras como mas, porém, contudo, todavia, entretanto,
embora etc. Ficamos então entre as letras B
e D. Contudo, na letra D, não se estão reconhecendo fatos
contrários ao ponto de vista defendido. Na verdade, a letra D só traz a negação ou a redução desses
fatos. Letra B: A tese dele é a de
que filmes de ficção não tendem a ser fiéis à ciência. A contratese, como ponto
de vista contrário a tese, é então a
de que filmes de ficção são fiéis à ciência. Vejam que, primeiro, se reconhece
a contratese (Pode ser que existam alguns),
por isso, nesse primeiro momento, o enunciador parece CONCEDER a razão a alguém
que dele discorde (em outras palavras, conceder a razão a alguém que defenda a
contratese). Contudo, num segundo momento NEGA essa razão, tirando-a de seu
oponente, ao dizer que se existirem não
fizeram muito sucesso. É
esse movimento de primeira dar a razão para o oponente para depois tirá-la dele
é que caracteriza a concessão.
12. LETRA C
O segredo da questão é a palavra “identificação”, que revela
serem as ideias “localidade dos Estados Unidos que concentra empresas do ramo
cinematográfico” e “indústria cinematográfica” do mesmo campo semântico. Ora,
se em Hollywood (um distrito da cidade de Los Angeles) há uma grande
concentração de empresas do ramo cinematográfico, posso chamar esse ramo
cinematográfico de Hollywood? Posso!
Há uma relação de afinidade, de “identificação” entre as duas ideias. Posso,
portanto, substituir, representar
uma pela outra: representação de uma ideia por outra, com ambas pertencendo ao
mesmo campo semântico – metonímia. Gabarito letra C, portanto.
13. LETRA B
As sobrancelhas levantadas revelam a indiferença com que os
cientistas encaram as distorções feitas pelo cinema; o público,contudo, por não
ligar para a ciência, esbugalha os olhos. Ou seja, o público não se importa se
aquilo está, de acordo com a ciência, certo ou não; ele só se admira daqueles
efeitos – e tal admiração é indicada pelos olhos arregalados. Letra B, portanto.
14. LETRA D
Em todas as alternativas (com exceção da letra B, em que há apenas uma asserção),
vemos generalizações: “Sempre
vemos explosões gigantescas, estrondos fantásticos”; “Óbvio, documentários
devem retratar fielmente a ciência, educando e divertindo a população”.
A única alterativa em que o autor evita uma generalização,
admitindo uma exceção, é a letra D.
Generalização: “as pessoas não vão ao cinema para serem educadas”; admissão de
exceção: “ao menos como via de regra”.
15. LETRA C
Quando o autor falar em exageros, fala também de distorções.
Distorções essas que não devem ser criticadas porque é natural para o cinema
(“a arte”) distorcer, exagerar, não se preocupa com a verdade para poder
convencer ao telespectador, não de que determinado fato seja real ou possível,
mas convencer, por exemplo, num sentido de “educar as emoções” (linha 22).
Gabarito letra C.